Resigno-me. Não há nada que possa fazer a não ser esperar. Não é esperar, é deixar o tempo passar. São coisas diferentes. Não espero nada, pois não tenho espectativas. O tempo passar ou não, é-me indiferente. Mas o tempo insiste em alimentar a imaginação das pessoas, em fazê-las acreditar que o próximo momento será melhor, será desta ou daquela forma, terá finalmente os resultados esperados. Nada disto. Mas não digo também que as coisas têm necessáriamente de acontecer de forma contrária ao esperado. Não se trata disso. Trata-te da nossa irrelevância. Trata-se de vivermos num mundo que não gira à nossa volta. Ele não está contra nós, mas também não gira a nosso favor. Somos indiferentes, temos uma dimensão muito inferior à que julgamos. Somos meros parasitas passageiros. O que são séculos e milénios? Arranhões na História. Não somos nada. E mesmo assim vivemos e agimos abaixo do potencial que temos. Porque somos fracos. Manipuláveis, manipuladores, idiotas. E é assim que vamos morrer. Na convicção que o nosso fim é uma grande perda, que o mundo não será mais mundo sem nós. Tretas. Não somos nada. Devemos aceitar isso. Devemos ter consciência da nossa mediocridade. Se está frio encolham-se, tapem-se. Se está calor, abriguem-se do sol. Se o mundo não vos aceita, escondam-se, fechem os olhos. Se não há lugar onde são bem vindos, desapareçam, e não procurem outro lugar. Aceito as coisas como são. Adapto-me ao que o mundo é. E não espero nada dele. Sou apenas um passageiro clandestino neste comboio temporal. A linha está a chegar ao fim. Adeus..
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