domingo, 10 de abril de 2011

Silêncios



Descobri que há vários tipos de silêncio.

Há um silêncio que sai do vazio.
Começa por ser triste, mas afinal é apenas desprovido de qualquer motivo para alegria.
É um silêncio que faz ecos mortos pela casa até ser apenas um zumbido, até ser novamente silêncio.
É frio, estranha-se no corpo.
É o silêncio que se instala quando partes.

Há um silêncio diferente, cheio de sons, com uma dinâmica que vem de dentro.
Os sons ganham corpo, dão contexto à acção, aos gestos, ao estado de alma.
E quando o silêncio volta ele brilha, tem algo de quente e espectante.
É preenchido por coragem e medo, oscilando no tempo que passa devagar.
É o silêncio que antecede o teu regressso.

Há um outro silêncio.
Ele é emotivo e feliz. Quente e febril.
Mas é curiosamente doloroso enquanto se liberta lentamente o peso do peito e sente a paz instalar.
É o silêncio de teu regresso e do teu corpo enquanto te abraço.

Há um silêncio calmo, aconchegante.
Preenchido de sentimentos simples mas completos, fáceis mas perfeitos.
Há uma fúria calma, um caos controlado, uma ordem sem regras.
É toda uma montanha de momentos, sentimentos e sensações que se completam.
Que se encontram em pleno equilibrio, forte mas delicado.
É o silêncio da tua presença, aqui ao meu lado.

Há um silêncio ambíguo.
É um silêncio traiçoeiro, que tem tanto de bom como de seguida fere devagar.
Que ora é esquecido, ora volta a magoar, que quebra a paz.
É o silêncio das horas que se precipitam para o momento em que terás de partir.

Há um silêncio que é dor.
Que é tristeza instalada. Que não tem palavras de alívio ou compaixão.
É um silencio sem remédio ou solução.
É curto mas interminável, e doi, doi fundo na alma.
É o silêncio do momento da tua despedida.

E todo o restante silêncio é um turbilhão.
Medo, dúvida e desespero...
Luta, raiva e tristeza...
Cansaço, dor e apatia...
E há um momento de silêncio em que tudo volta, e tudo se repete,
sem que eu saiba qual silêncio eu vou ter por fim...


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