sábado, 25 de fevereiro de 2012

"A pele que há em mim"



Quando o dia entardeceu
E o teu corpo tocou
Num recanto do meu
Uma dança acordou
E o sol apareceu
De gigante ficou
Num instante apagou
O sereno do céu

E a calma a aguardar lugar em mim
O desejo a contar segundo o fim.
Foi num ar que te deu
E o teu canto mudou
E o teu corpo do meu
Uma trança arrancou
O sangue arrefeceu
E o meu pé aterrou
Minha voz sussurrou
O meu sonho morreu

Dá-me o mar, o meu rio, minha calçada.
Dá-me o quarto vazio da minha casa
Vou deixar-te no fio da tua fala.
Sobre a pele que há em mim
Tu não sabes nada.

Quando o amor se acabou
E o meu corpo esqueceu o caminho onde andou
Nos recantos do teu
E o luar se apagou
E a noite emudeceu
O frio fundo do céu
Foi descendo e ficou

Mas a mágoa não mora mais em mim
Já passou, desgastei, p’ra lá do fim
É preciso partir
É o preço do amor
P’ra voltar a viver
Já nem sinto o sabor
A suor e pavor
Do teu colo a ferver
Do teu sangue de flor
Já não quero saber…

Dá-me o mar, o meu rio, a minha estrada,
O meu barco vazio na madrugada
Vou-te deixar-te no frio da tua fala
Na vertigem da voz quando enfim se cala.


by Márcia com JP Simões


terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Vazio





















...apenas isto, o vazio...














terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

O tempo não existe


Esperar é ingrato.
Não sei se estamos a andar em frente, para trás ou em círculos.
Tenho medo.
Tenho medo de me perder de ti.
Dói.
Dói saber que te dei espaço e não voltaste, não nos deste uma oportunidade de tentar juntos.
Perdi-te.
Mas não consigo conceber que tenha sido para sempre.
Sinto-te.
Sinto cada instante que passámos juntos, cada momento da nossa história.
Cada vez que te peguei na mão e senti a pele macia.
O aroma.
De todas as vezes que te dei um beijo e senti o teu cheiro.
O calor.
De todas as vezes que te abracei.
O tempo.
Que parou nos instantes em partilhámos algo maior que nós.
A luz
Que existiu nos momentos em que olhei para ti e vi
Vi
Vi que és o reflexo do meu sonho
Que sentes o mundo como eu, que partilhamos os valores e os desejos
Sei
Que és a pessoa certa, ou uma pessoa certa, mas a que eu conheço
A que eu sei o quanto vale, o quanto merece tudo o que tenho para dar
A que eu sei que tem tanto para dar, sem promessas de eternidade, mas em cada dia
Que eu vejo ao meu lado a construir um futuro, pouco a pouco, dia a dia
Que eu vejo ao meu lado a criar vida e passá-la ao mundo
A que eu quero ter ao meu lado enquanto envelhecer, a ver a paisagem mudar, com um sorriso
E tenho medo
E espero
E o tempo não existe

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Tive uma ideia, vou mudar o mundo


Tive uma ideia, vou mudar o mundo
Vou mudar os continentes de lugar
Para que visto do céu o mundo tenha o teu nome escrito
O teu nome desenhado por novas montanhas que vou erguer pedra a pedra
Por novos vales que vou escavar com as minhas mãos
Com um sopro movimentar os mares para suavizar os contornos das letras

Quero que o universo saiba e passe a mensagem
Quero que a energia infinita das estrelas te traga luz para a leres
Te traga calor para a sentires
Para que cada raio de sol te faça lembrar o que é sentir o que esqueceste
Para que cada brisa morna te arrepie como se eu te tocasse de leve sem esperares
Para que vejas o quanto vale o que não morreu
Para que sintas essa pequena luz por dentro
Que sem aviso faz esboçar um ligeiro sorriso
Que permite renascer o que se perdeu