sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Sombra de luz



Não espero encontrar nada no vazio
Nenhum som
Nenhuma forma nem cor
Apenas o tempo que o tempo demora a passar
Neste mundo invertido
Em que o sol é um buraco negro que suga toda a luz
Mas há algo aqui
Uma sombra... não...
Um vulto de luz no negrume do dia
É uma luz pulsante
Dela sinto um calor que já não conheço
Mas sei...
Sei que outrora fez parte de mim
Numa ténue lembrança de uma vida
Que há tanto tempo perdi
E sem mexer um músculo da cara, sorrio
Sinto-me sorrir enquanto o calor entra na minha pele
E de repente sinto-o bater outra vez
O sangue a correr nas veias
Consigo respirar
E quando os olhos se habituam
A luz lentamente deixa de ofuscar
E surgem contornos, que ganham nitidez aos poucos
Vejo uma mão a tentar alcançar-me
Tenho medo de lhe tocar
Já não conheço mais nada para além deste vazio
Mas há algo que me faz sentir conforto nesta luz
A minha mão alcança-a e o mundo transforma-se
Tudo o que era escuridão é agora luz
E a luz é agora o sol
E a tua mão na minha
O teu sangue e o meu a pulsar nas veias
Estou vivo outra vez?
É real?
Talvez...